Proposta de trabalho dá errado e morador do Piauí consegue apoio na Polícia Civil do Mato Grosso do Sul
Após ter sido amparado, Gildásio conseguiu um emprego, foi acolhido no Cetremi e voltou à delegacia para agradecer pelo cuidado recebido
Um atendimento fugiu da rotina dos policiais civis lotados na 6ª Delegacia de Campo Grande. Logo pela manhã, desta quinta-feira, 30/03, um pedido de ajuda diferente do habitual comoveu a equipe, que diariamente lida com crimes e hoje atendeu um pedido para matar a fome de um senhor, morador do Piauí, que veio para o Mato Grosso do Sul com uma proposta de emprego, mas chegando aqui não deu certo o trabalho e sem dinheiro teve que ficar dois dias sem comer.
Já debilitado, ao passar em frente à 6ª DP, o senhor Gildásio Carvalho resolveu pedir ajuda, mas não era para solucionar nenhum crime e sim para matar a fome. Prontamente, os policiais civis o atenderam, ouviram sua história e após verificar que ele não possuía passagens ou mandados de prisão em aberto, a equipe lhe ofereceu o que tinha.
“Ele chegou pedindo ajuda, chorando, dizendo que estava desempregado há dois meses e que desde ontem estava sem comer. Eu o atendi, acionei os demais colegas e cada um lhe deu o que tinha no momento, sendo iogurte, maçã, bolacha e café”, contou a investigadora Adenir Bastos.
Enquanto o senhor Gildásio se alimentava, os policiais entraram em contato com o Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante e População de Rua (Cetremi), que se dispôs em atendê-lo. Uma equipe da 6ª DP o levou até o local, onde ele foi prontamente acolhido.
Assim que conseguiu o alojamento, Gildásio resolveu passar na empresa Solurb, pois havia preenchido lá uma ficha de emprego e para a sua alegria, foi contratado e já saiu de lá com o crachá e como forma de gratidão, retornou até a 6ª DP, para abraçar e agradecer aos policiais que em um momento de dificuldade o receberam e se uniram para tentar resolver seu problema de vulnerabilidade social momentânea.
“Toda a delegacia ficou emocionada e contente por ter podido contribuir e ajudar, mesmo que de maneira singela este senhor, que humildemente buscou por ajuda”, comentou o Delegado-titular da unidade policial, Camilo Kettenhuber Cavalheiro.
Gildásio é natural do Piauí, é separado e tem duas filhas, de 6 e 2 anos de idade. É árbitro formado e cozinheiro de profissão. Saiu do Piauí a trabalho, passou por Brasília, foi convidado para trabalhar em Campo Grande-MS, mas infelizmente não deu certo a proposta que havia recebido. Segundo ele, resolveu parar na delegacia, porque acreditou que ali receberia pelo menos uma orientação do rumo em que deveria tomar e quando chegou lá foi surpreendido com todo o carinho recebido.
“Eu só tenho a agradecer. Hoje de manhã eu estava com muita fome, pensando em voltar para minha casa, mas não tinha dinheiro. Quando passei em frente da delegacia resolvi entrar, pois por mais que sejam pessoas da lei, com mais estudo que a gente, eles são educados e humanos, que transmitem uma coisa boa para a gente. E minha mãe sempre me disse que quando eu precisasse de ajuda era melhor pedir do que roubar, então eu entrei e Deus me abençoou na mesma hora. Fiquei muito feliz com o atendimento e fiz questão de voltar para agradecer por tudo o que eles fizeram”, falou Gildásio agradecido.
Agora, empregado, pretende se firmar em Campo Grande e com o dinheiro que receber irá ajudar as filhas que ficaram no Piauí. “Gostei muito da cidade e pretendo me firmar aqui. Nas férias, se Deus quiser, eu irei lá ver minhas filhas”, finalizou.
A 6ª Delegacia de Polícia Civil está localizada na Avenida Souto Maior, nº 1445, no Jardim Tijuca II. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 11h30min e das 13h30min às 17h30min. O telefone para contato é (67) 3397-7100.